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70% da linha de frente do Iges-DF é feminina

Sem medir esforços no enfrentamento da covid-19, mulheres salvam vidas todos os dias, ignorando o impacto físico e emocional “Ser uma mulher...

Sem medir esforços no enfrentamento da covid-19, mulheres salvam vidas todos os dias, ignorando o impacto físico e emocional

“Ser uma mulher da área da saúde é sinônimo de garra e coragem”, afirma Jule Rose, médica do Pronto-Socorro Covid do Hospital de Santa Maria (HRSM). A profissional é uma das tantas heroínas que compõem a linha de frente de enfrentamento da covid-19 nos hospitais da rede do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). Dos 320 profissionais atuantes nessa posição, 223 são mulheres, correspondendo a quase 70% da equipe.

Desde o início da pandemia, a coragem das mulheres diante desse inimigo comum veio se mostrando essencial para o combate à doença. Aos 33 anos, Jule conta que poder ajudar a salvar tantas vidas em um dos momentos mais difíceis da história do país é, para ela e para todos os seus colegas, um privilégio. “A sensação de poder lidar com as pessoas em momentos difíceis das vidas delas e conseguir ajudá-las a enfrentar isso, fazer a diferença e ter um impacto positivo na sua vida é incomparável”, declara a médica.

“Dou o melhor de mim”

Sabendo da grande responsabilidade que tem nas mãos, a profissional conta que procura, todos os dias, dar o melhor de si, ignorando todos os impactos da sobrecarga física e emocional que o período trouxe consigo.

“Eu sempre dou o melhor de mim para salvar vidas, mas nem sempre consigo”, diz. “É sofrível ver um paciente que está longe da família e que conscientemente aceita ser intubado, com a possibilidade de sobreviver ou não”, completa Jule. Ela revela ainda que sempre trabalhou com emergência, mas que nada se compara a experiência do momento atual.

Para a médica, neste último ano, onde tantos pacientes passaram pelas suas mãos, um caso em particular a marcou muito. “Eu me lembro de uma paciente com menos de 30 anos de idade, que tinha dois filhos pequenos e estava gestante. O estado dela era muito grave, com o pulmão comprometido em mais de 80%. Ela aceitou a intubação ainda consciente. O único pedido foi fazer uma videochamada com o marido e a mãe. Todos da equipe assistimos e sentimos a dor dela ao pedir para a mãe: ‘Não importa o que aconteça comigo, por favor, cuide dos meus filhos’. Aquilo me abalou profundamente”, relembra, emocionada. “Por esse e por outros casos, permaneço aqui para salvar o máximo de vidas”, acrescentou.

Momento crítico

Outra peça fundamental na equipe de saúde da capital é a técnica de enfermagem Ana Maria Duarte, de 35 anos. Com apenas seis anos de experiência, atendendo na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, ela foi surpreendida, no ano passado, com o desafio de enfrentar uma crise sanitária sem precedentes. “Temos feito tudo o que é humanamente possível para atendermos o máximo de pessoas”, compartilha Ana. Para a técnica, o momento atual da pandemia no DF é crítico,o que motiva os profissionais a permanecerem buscando oferecer o melhor atendimento para a população brasiliense. “Somos uma equipe composta por homens e mulheres que estão dando o melhor de si para salvar vidas”, reitera.

Além de toda a carga e correria trazida pelo cenário caótico na saúde, ainda há aquelas mulheres que têm o encargo de chefiar toda uma equipe. A enfermeira intensivista Josilene Cardoso Pereira, de 39 anos, por exemplo, chefia uma equipe com mais de 90 profissionais na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Covid do Hospital de Base. “Se você lidera, precisa passar segurança para o grupo, mas nem sempre é fácil. Muitas vezes, ao sair daqui, desmorono de tanto chorar”, confessa a profissional de enfermagem.
Josilene foi uma das pessoas que ajudou a montar a UTI Covid do HB e conta que está na batalha contra o coronavírus desde o início da pandemia.

“Daquela época até hoje, me esforço para manter o psicológico estável, já que o medo de contrair a doença é inevitável”, diz.

“Cuidar das pessoas é o que escolhi”

A enfermeira, que não tem parentes em Brasília, apenas o marido e o filho de 3 anos, conta que a insegurança e o medo são seus inimigos diários, e que é sempre uma luta extra para vencê-los. “A insegurança bateu várias vezes, mas em nenhum momento eu pensei em desistir. Eu vou continuar na linha de frente. Cuidar das pessoas é o que eu escolhi e é isso que vou fazer até o fim”, afirma, com bravura.

Outra protagonista que também carrega a responsabilidade de comandar um grupo de profissionais é a gerente de Enfermagem do HRSM, Kariny Beatriz Bonatti. Ela supervisiona um grupo de aproximadamente 2 mil pessoas. Mineira de Uberaba, Kariny manifesta acreditar que o trabalho de assistência feito no hospital vem salvando vidas e promovendo saúde.

“Saber que, hoje, uma mulher faz parte da gestão de um dos maiores hospitais do Distrito Federal, é motivo de orgulho. Nós somos guerreiras”, pontua com satisfação.

“Preserve sua saúde”

De modo a fazer o que faz de melhor, preservar vidas, a profissional faz um apelo aos moradores da capital:“Preserve a sua saúde para preservar a do outro, porque não há leitos para todos. Quanto menor a contaminação, mais vidas serão salvas”, pontua, ressaltando a importância de manter, ao máximo, o isolamento social e respeitar todas as medidas de segurança impostas pelos órgãos do governo. “A gente ainda está esperando por planos de contingência para que tenhamos mais unidades hospitalares.

Enquanto isso, a orientação é que aqueles que apresentem sintomas gripais leves, procurem as Unidades Básicas de Saúde. Vamos ter consciência, estamos sem vagas e sem equipe suficiente. Nós estamos cuidando de vocês, mas é necessário que também se cuidem”, finaliza.

Fonte Jornal de Brasília / Edição Portal de Notícias Ritmo Cultural