A primeira ala hospitalar exclusiva para detentas da Penitenciária do Distrito Federal começou a ter atendimentos nesta segunda-feira (22). ...
A primeira ala hospitalar exclusiva para detentas da Penitenciária do Distrito Federal começou a ter atendimentos nesta segunda-feira (22). São três leitos instalados no Hospital Regional do Gama (HRG), em um espaço de 36 metros quadrados batizado como “Abelhinha”. O local foi reformado pelas secretarias de Saúde (SES) e de Administração Penitenciária (Seape).
Todo o trabalho foi feito entre fevereiro e este mês. “A sala estava sendo utilizada de outra forma. Entramos com a mão de obra do projeto Mãos Dadas, formada por detentos em cumprimento de regime semiaberto que já têm permissão para trabalhar durante o dia sob escolta, e os materiais foram fornecidos pelas duas secretarias”, explicou o chefe do gabinete da Seape, Elton Fontenele de Lima, durante a sessão solene de inauguração.
“Conseguimos criar a ala de forma que seja prestada a assistência devida tanto para as custodiadas quanto para os policiais penais”Adma Migliavacca, superintendente substituta de Saúde da Região Sul
O ambiente segue os padrões de atendimento das detentas, com grades nas janelas e na entrada. Além dos três leitos, há uma antessala para escolta e uma área de repouso – com camas e armários, copa e banheiro exclusivo para policiais penais. As detentas internadas também terão acesso a um banheiro próprio, munidos de acessibilidade, e há a estrutura para a instalação de leito neonatal, caso necessário.
“Poderemos fornecer todos os atendimentos relacionados à saúde da mulher, que são suportados pela equipe de assistência à saúde lotada no Hospital do Gama”, explicou o representante da SES, também presente na solenidade, Thiago Martins.
A superintendente substituta de Saúde da Região Sul, Adma Migliavacca, observou que a ala foi instalada no HRG devido a localização próxima ao presídio feminino. Também pontuou as dificuldades enfrentadas na ausência dos leitos exclusivos.
“Antes, tínhamos que bloquear um quarto inteiro para fazer o atendimento de uma única detenta. E não havia a estrutura adequada para o atendimento das custodiadas e nem para a permanência dos policiais penais, durante a internação das pacientes”, rememorou Migliavacca. “Conseguimos criar a ala de forma que seja prestada a assistência devida tanto para as custodiadas quanto para os policiais penais”, completou.
Nesta segunda-feira (22), haviam 558 internas recolhidas no presídio feminino e, desta forma, elegíveis para o atendimento hospitalar na ala exclusiva. A custodiada a ser atendida no novo espaço recebe assistência ginecológica e não tem previsão de alta.
“Essa paciente estava em um local de internação que poderia ser utilizado por outras pessoas e, agora, está no local exclusivo. Então, poderemos melhorar o uso do espaço que temos, com mais segurança para as custodiadas e para a policiais penais”, comentou a diretora do HRG, Priscila Espíndola. Segundo ela, os leitos serão ocupados por detentas vindas diretamente do presídio feminino e também de outras unidades de saúde.
Segurança
Para a juíza titular da Vara de Execuções Penais do DF, Leila Cury, o novo espaço permitirá maior organização ao ambiente hospitalar, evitando estigmatização das detentas e insegurança dos demais pacientes. “Quando uma pessoa presa é internada na mesma ala que a população em geral, há um tensionamento para elas, que comparecem algemadas e acabam sendo estigmatizadas, e para a população em si, que se depara com um policial armado e se assusta, se sente insegura. E a ala exclusiva evita que essas situações aconteçam”, disse.
O promotor de justiça do Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional (Nupri), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Márcio Wagner, acrescentou que a medida também “resolve grande parte das demandas de acesso à saúde, e promove maior segurança ao transporte das pacientes, com maior agilidade entre a penitenciária e o hospital de atendimento.”
O DF conta com outras três alas hospitalares exclusivas para custodiados do sistema penitenciário, localizadas no Hospital de Base e nos hospitais regionais da Asa Norte e do Paranoá. Desde janeiro, 273 internos – homens e mulheres – precisaram ser internados e foram escoltados pelo efetivo de segurança penal.