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Começou nessa terça-feira (20/8), no Rio de Janeiro, uma iniciativa que celebra o centenário de nascimento da premiada ceramista mineira Dona Izabel, conhecida como a Dama do Barro do Jequitinhonha, e criadora das famosas moringas-bonecas.
A exposição “Dona Izabel: 100 anos da mestra do Vale do Jequitinhonha” é uma realização do Sebrae Minas e do Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), com parceria técnica e institucional do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG).
Com 300 obras da artesã, a exposição - no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab), no RJ, oferece um mergulho profundo no legado de Dona Izabel, com sua arte que transcendeu divisas regionais e conquistou reconhecimento nacional e internacional.
Presente na abertura da exposição, o vice-governador de Minas Gerais, Professor Mateus, celebrou o tributo prestado à artista.
"É muito bom ver a obra de Dona Izabel nesta exposição completa com obras não só dela, mas também das filhas, netos, bisnetos, com a possibilidade não só de apresentar o trabalho, mas também de comercializar seus produtos. A exposição está linda, pois traz não apenas as peças, mas também a ambientação do nosso barro, de onde a matéria-prima para as bonecas é extraída, as pedras de onde saem as cores usadas na pintura dessas cerâmicas. Fiquei muito tocado ao ver essa exposição, porque me lembrou que é o nosso barro do Jequitinhonha, um barro de prosperidade, de credibilidade", reforçou.
"Dona Isabel é a criadora do ofício das Bonequeiras do Vale. Ela é a primeira, a precursora, quem desenvolveu a técnica. O que a gente conhece como as bonecas do Vale foi pensado, desenvolvido, criado e ensinado por ela. Então, ela precisa ser celebrada e comemorada pelo que ela fez e pelo que representa para os artesãos do Jequitinhonha", enfatizou Professor Mateus. | ||||
Medalha JK
Neste ano, o Governo de Minas também vai eternizar o reconhecimento a Dona Izabel, em seu centenário, com uma das honrarias mais importantes do estado.
"No dia 12/9, será entregue pelo governador mais uma homenagem para a família. Em Diamantina, o nosso portão do Vale do Jequitinhonha, Dona Izabel será agraciada com a Grande Medalha, grau máximo da Medalha JK, um tributo post mortem e in memoriam", revelou o vice-governador.
A Medalha JK foi criada pela Lei nº 11.902, de 1995, sendo entregue pela primeira vez em 1996. A cerimônia é realizada anualmente no dia do aniversário do ex-presidente, nascido em 1902 (há 121 anos). A honraria é dividida nos graus “Grande Medalha” e “Medalha de Honra”. São agraciadas personalidades e instituições do cenário político, econômico, social e cultural de Minas e do país que contribuem para o desenvolvimento do estado.
O legado de uma vida
A mestra artesã dona Izabel Mendes da Cunha é uma das mais notáveis artistas populares do Brasil. Natural de Córrego Novo, em uma pequena comunidade rural próxima a Itinga, no Vale do Jequitinhonha, Dona Izabel nasceu em 3/8/1924.
Ela descobriu o universo do barro ainda criança, observando sua mãe, uma "paneleira", criar utensílios domésticos com a matéria-prima abundante na região.
O Vale do Jequitinhonha, cenário das criações de Dona Izabel, conta com pelo menos 100 mil artesãos e é uma região especialmente conhecida pela cerâmica, além do bordado, tecelagem, escultura e trançado.
A arte popular surgiu como uma forma de sobrevivência, com as mulheres do Vale assumindo papéis centrais na produção artesanal. Com suas inovadoras moringas-bonecas, a ceramista foi uma figura central neste contexto, transformando objetos utilitários em verdadeiras esculturas.
A década de 1970 marcou uma virada na carreira da artista, quando ela começou a criar as famosas bonecas. Originalmente projetadas para conter água, essas peças feitas a partir do barro evoluíram para esculturas superiores a um metro, tornando-se símbolos de sua arte e da cultura do Vale.
O reconhecimento do trabalho de Dona Izabel veio por meio de prêmios importantes, como o Prêmio Unesco de Artesanato Popular para a América Latina e Caribe (2004), e a Ordem do Mérito Cultural (2005) e Prêmio Culturas Populares (2009), ambos do Ministério da Cultura.
Em 2016, sua obra foi celebrada com uma série especial de selos postais, emitida pelos Correios.
Crab / Divulgação
Geração de renda
Além da obra de Dona Izabel, a ação contará com uma produção de outros artesãos de comunidades do Vale do Jequitinhonha, sendo essas peças, durante os oito meses de exposição, também disponibilizadas para comercialização.
O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas, Fernando Passalio, destacou a representatividade da artesã para a comunidade local, tendo sido fundamental na criação da Associação dos Artesãos, em Santana do Araçuaí, e responsável por incentivar a continuidade do ofício.
"Dona Izabel é a prova de que o trabalho supera todas as dificuldades. É louvável a preocupação que ela teve em repassar os ensinamentos para outras gerações, incentivando que sua comunidade produzisse peças em barro, mostrando desde sempre como o artesanato é fonte de renda e autonomia", afirmou o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, que a considera um orgulho para o Vale do Jequitinhonha e para o estado.
O vice-governador enfatizou, ainda, a força do triângulo de vales - Mucuri, Jequitinhonha e São Mateus - na mudança da realidade do Nordeste de Minas.
"Eu cresci ouvindo essa estigma do Vale do Jequitinhonha de ser uma região pobre. As pessoas precisam conhecer o Vale, rico em criatividade, rico no povo que está lá para trabalhar e para fazer a sua vida. E, agora, está mostrando que pode ser rico em várias outras formas, como a chegada do lítio, que deixa todos muito animados. Eu tenho muito orgulho do nosso Vale do Jequitinhonha", ressaltou Professor Mateus. | ||||
Fonte Agência Minas Gerais |