D i v er s os p olíticos condenados por corrupção e c la s s i fic ados como "ficha suja", incluindo o ex-governador do D istri...
Diversos políticos condenados por corrupção e classificados como "ficha suja", incluindo o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, poderão se beneficiar com a emenda à Lei da Ficha Limpa, um marco histórico na luta contra a corrupção.
O veto parcial do Palácio do Planalto à Lei Complementar nº 219/2025, que altera os critérios da Lei da Ficha Limpa, não dissipou dúvidas sobre o futuro de figuras políticas condenadas. Pelo contrário, a medida publicada no Diário Oficial da União em 30 de setembro parece ter intensificado a incerteza jurídica, especialmente para o ex-governador José Roberto Arruda (PL).
Arruda, envolvido no escândalo da Operação Caixa de Pandora, nutre planos de disputar novamente o comando do Palácio do Buriti em 2026, vislumbrando uma possível candidatura pelo partido Avante, com o qual tem mantido conversas.
Seu retorno, entretanto, depende de um embate no Congresso Nacional. Para superar o veto presidencial, será necessário o apoio de maioria absoluta em uma sessão conjunta, requerendo 257 votos dos 513 deputados e 41 dos 81 senadores.
A legislação modificada pelo Congresso, aprovada em setembro, estabelecia um prazo único de oito anos de inelegibilidade para condenados por crimes judiciais, podendo atingir até 12 anos em casos de múltiplas penalidades.
Essa modificação apaga parte do legado da Lei da Ficha Limpa, concebida graças ao esforço de 1,5 milhão de brasileiros e sancionada em 2010 sob forte pressão popular. A lei representou um passo significativo na exclusão de políticos corruptos das disputas eleitorais.
Enredado na operação Caixa de Pandora desde 2009, que revelou esquemas envolvendo propinas e corrupção sistêmica, Arruda conta com companhia nessa batalha. Entre os possíveis beneficiários estão outros políticos amplamente conhecidos, como Eduardo Cunha (MDB-RJ), ex-presidente da Câmara condenado pela Lava Jato e figura central no impeachment de Dilma Rousseff em 2016, além do ex-governador Anthony Garotinho (Republicanos-RJ), igualmente envolvido em escândalos.
Esses nomes articulam nos bastidores para que o texto original da proposta seja aprovado. No caso de José Roberto Arruda, condenado por corrupção passiva e formação de quadrilha em 2014 — com parte da pena cumprida via tornozeleira eletrônica — seus direitos políticos permaneceriam suspensos até 2032 se mantida a regra vigente.
Mesmo que o Congresso autorize a reabilitação política para condenados desse nível, o retorno de Arruda não se desenharia como simples ou livre de obstáculos. Ele ainda enfrenta numerosas acusações que aguardam julgamento nas instâncias judiciais, com potencial de causar novas turbulências em sua trajetória.
A questão ilustra os desafios da luta contra esquemas históricos de corrupção e reacende o debate sobre ética e confiança na política nacional.
Da redação do portal de Notícias, com as informações do Portal Radar DF